Tuesday, January 31, 2006

MORTE

Inesperadamente o vulto surgiu no ar...
Quis virar-lhe as costas mas a sua mão agarrou o meu braço.
Puxou-me e obrigou-me a ver a sua cara.
É desfigurada e tem os vincos da dor cravados no rosto...
Quero esquecê-la mas sinto a sua sombra nas minhas costas.
Sinto que chega lentamente com a sua força.
Deixa de me torturar e faz o que tens a fazer morte.

Sunday, January 29, 2006


RETRATO Posted by Picasa

FUSÃO

As fotos expressam os sentimentos do momento
Traduzem expressões e atitudes vividas.
O passado dos teus olhos vive no encontro da imagem.
O sorriso que ofereceste perdurará até ao fim dos teus dias.
O que a mente esconde por tras das objectivas
É o segredo da luz que o teu corpo irradia.
Permanece assim nos meus olhos como um retrato:
O retrato de um momento da fusão corporal.

PASSOS

Deste os passos em volta como dizia o Herberto...
E eu perdi-me no paraíso do teu corpo como dizia David Mourão Ferreira...
E gastamos as palavras como escreveu Eugénio...
E eu sou como o Sísifo de Torga que recomeço...
E desço a calçada como a Luisa de Gedeão...
Mas não sei por onde vou como o Régio...
Só sei que não vou por aí...
Pelos passos que marcaste no caminho sem volta.

Saturday, January 28, 2006


PASSOS Posted by Picasa

Friday, January 27, 2006

SOM DO CORPO

De ti soltaram-se os acordes mas eu não entendo a melodia.
Tem notas desconcertantes de música inatingível.
Tento interpretar os sons mas continuo sem ouvir...
Os instrumentos que usamos protegem-nos
Mas rapidamente passamos do silêncio à grande odisseia.
E a grande odisseia batalha nos nossos dias paralelamente a nós.
Corre sozinha e luta desenfreada com o contacto da pele.
Luta com a ausência de palavras que nos dilaceram o pensamento
E nos fazem sentir a ausência da emoção que escondemos.
Escondemos a música para nos desconcertarmos com as notas.
No contacto que liberta a melodia os acordes trespassam o corpo
E deixam o som entranhado que vou ouvindo nos teus dias de silêncio...

Tuesday, January 24, 2006

FILME

Entrei no cinema.
Vi o filme do desejo que passou no cinema abandonado.
As cadeiras não estão bem assentes no chão mas
escondem infinitas histórias na sua pele envelhecida.
Sentei-me numa ao acaso de uma escolha furtuita.
Com ela assisti ao desenrolar das sensações...
Vi o proibido, a loucura, o sexo, o carinho, o prazer...
Vi histórias escondidas e estilhaços flutuantes...
Vi paraísos suspensos e fantasias perfurantes.
O filme acabou.
Saí do cinema e estou de volta à realidade.

HISTÓRIA

Entrei no quarto do silêncio, a luz trouxe inquietude.
Sentei-me na cadeira vazia e cruzei os braços.
Tirei o livro e escrevi os traços do teu corpo
Como se fosses uma pintura nos meus textos.
Agora não tenho mais páginas...
Fecho o livro e cruzo os braços.
Vejo a janela e escuto o nada que me rodeia...
A luz enfraquece mas também já não necessito dela.
Volto à minha cadeira e quebro o silêncio:
Grito bem alto...e saio do quarto.
A porta fechou-se atras de mim.
Olho para tras e guardo o livro da tua história.

Monday, January 23, 2006

SERENIDADE

Não há impacto na natureza...
A serenidade volta à água que tinha abandonado.
Transbordou do leito nas noites de tempestade
Mas agora corre lentamente no caudal do seu percursso.
Traz incerteza a serenidade na sua cor e figura,
Transparece leveza mesmo que seja fingida.
Traz vontade de limitar...vem serenidade!

Thursday, January 19, 2006


AS NOSSAS ONDAS Posted by Picasa

TU

Entras no mar sem medo do desconhecido.
Rasgas as ondas com o prazer do furtuito.
O rumo dos teus olhos é explorar o horizonte,
Não há paragens apenas passagens com leveza.
As ondas vem e vão simplesmente para ti.

SOM DO DESEJO

Trouxeste fantasias desenhadas no pensamento
e adereços de desejo escondidos nos bolsos.
Trouxeste a volúpia desenfreada nas tuas mãos
e com elas entregaste o prazer do teu corpo.
Trouxeste histórias em vez de abraços
E silêncios em vez de ternuras...
Falaste ao meu ouvido...e não consegui ouvir...
O som das palavras era inaudível às minhas sensações.

Sunday, January 15, 2006


PRAZER Posted by Picasa

PRAZER

Êxtase, antítese e brutalidade...prazer incondicionado!
Vagueamos nas linhas intemporais que nos unem.
Encontramos nas palavras a absolvição dos nossos pecados.
Transportamos sentimentos e sensações para um espaço comum.
A linha é ténue e irreverente, é fugaz e envolvente.
Êxtase, antítese e brutalidade...prazer incondicionado!

Thursday, January 12, 2006

DESERTO

A aridez das palavras soltou-se como a areia do deserto...
Entranhou-se nos olhos como uma visão sedenta.
Não consigo distinguir a ficção da realidade.
Percorro o caminho infindável e desértico sem areia...

Tuesday, January 10, 2006

VOAR

Deste-me as asas para voar no céu de intensidades,
Eu não tive medo da altura do abismo e voei...
Agora voamos em conjunto olhando o mundo de cima.
Vemos a mesma realidade, as mesmas casas sempre presas,
Vemos a natureza a crescer e o rio sempre na mesma direcção...
Vemos as pessoas a passarem e admirarem o nosso vôo,
Vemos tudo em silêncio do nosso verdadeiro mundo...
Aquele que deixamos para tras quando decidimos voar.

Saturday, January 07, 2006


SEM SENTIDO Posted by Picasa

Friday, January 06, 2006

GIRASSOL

Tenho os olhos de girassol e rodo em volta do calor.
Rodopio de encontro ao sol que aquece o espaço.
A claridade é tanta que me faz cerrar os olhos com força.
No escuro dos sentidos encontro a fantasia do sol.
Este astro que se enraizou em mim e me ilumina os passos
Intoxica os membros enquanto os desequilibra de desejo.
Trago marcadas nas folhas os raios do teu calor,
E consumo-me enquanto permaneço presa à terra que não me deixa fugir.

Wednesday, January 04, 2006

FILME

Encontramos as palavras do universo nos nossos sentidos.
Transformamos realidades em argumentos de ficção.
Transportamos o filme para o ecrã sem som
E bebemos o sumo das palavras que transbordou.
Fizemos perto aquilo que fisicamente não é viável.
Trouxemos alegria ao céu que carregamos diariamente.
Iluminamos os vales com o desejo que nos acalenta o ego.

Sunday, January 01, 2006

CORPOS

A água bateu nas rochas e salpicou os corpos deitados.
Na frieza dos dias onde as areias se escondem do vento
Os corpos enrolaram-se calorosamente na praia.
Marcas distintas os distinguiam dos seus percurssos
Mas a metamorfose do destino envolveu-os assim...
Onde as estrelas se tranformam em desejos,
Onde o mar é apenas um manto de retalhos perdidos,
Onde as rochas exalam o aroma dos corpos cansados...
A água bateu nas rochas e salpicou os corpos deitados.


MAR Posted by Picasa

CHUVA

O céu trouxe uma nuvem que transbordou a chuva no meu quintal.
A flor que se escondia nas ervas espreitou e bebeu sedenta a água.

JOGO

As cartas do jogo cairam na mesa...
Os naipes mostraram o envolvimento das questões.
Frases idefinidas trouxeram comentários irreverentes
De espasmos e espantos na encruzilhada dos dias.
O jogo dividiu-se por as mãos participantes...
Acrescentaram emoções de estratégias
E pontos acumulados através das figuras.
Levantaram véus adormecidos no mar
E afundaram-se na batota dos sentimentos.
O resultado não foi apurado...
Quem perdeu ou ganhou é uma incógnita do destino.


DIRECÇÕES Posted by Picasa