Monday, February 27, 2006


SENTADA Posted by Picasa

SENTADA

Sentada nas escadas esperei o teu regresso.
Vi-te entrar no prédio ao lado em casa desconhecida.
Vi como te movimentavas feliz em casa alheia.
Sentada nas escadas esperei o teu regresso.
Vi-te sair abraçado a outro corpo desconhecido.
E vi como sorrias de alegria com o peso dos seus braços.
Sentada nas escadas esperei o teu regresso.
Vi-te chegar novamente e novamente me ignoraste.
Cansaste os teus sentidos com o fardo do meu amor.
Sentada nas escadas esperei o teu regresso.
E tu nunca mais voltaste...

TEMPERO

Trazes a brisa nos teus passos
E respiras a noite fecunda.
Chegas de entre as brumas do desconhecido
E rasgas o sol que nos aquece os dias.
Trazes na boca o desejo do sal
e acalentas os dias como um tempero.

Sunday, February 19, 2006

VOU

Vou deixar morrer o que não consigo construir.
Vou enterrar as palavras no jardim que ainda não encontrei.
Vou plantar a generosidade e espalhar pela terra o amor que me resta.
Vou sentar-me no baloiço e ver o mundo a balançar.
Vou partir sem destino, vou abandonar-me finalmente...

Saturday, February 18, 2006


NOS MEUS DIAS... Posted by Picasa

DEUS E O DIABO NOS MEUS DIAS

"Há nos meus olhos ironias e cansaços"
e alimento-me de palavras nos meus dias.
A página em branco vai-se pintando,
e ganha configuração no caminho.
"A minha glória é esta...não acompanhar ninguém"
A busca incessante do mais além.
"Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos..."
Amo o desconhecido porque não o sinto,
Amo a natureza que dilui as torrentes no oceano.
"A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou..."
E por isso percorro os caminhos desconhecidos
e alimento-me de palavras nos meus dias.

VISITA

Trouxeste a tempestade nos braços e abraçaste-me.
Trouxeste o vento nos olhos e movimentaste-me.
Trouxeste a chuva no teu corpo e alimentaste-me.

Friday, February 17, 2006


LOUCURA Posted by Picasa

LOUCURA

Uma estranha paz invade neste momento o meu corpo
Sinto que algo entra em mim e me aspira os sentidos...
Estarei finalmente a morrer...
tudo isto é uma antítese de mim.
As pernas estão leves e não tenho vontade de as levantar.
O corpo está esguio como o sonho há algum tempo,
O cabelo liso e flutuante na gravidade que diminui...
Os meus braços acenam para o infinito
E os meus olhos parecem encontrar horizonte.
Estou bonita e reconheço-o...
É estranho... misturam-se sensações...
Estou no devaneio da loucura que antecede a morte.

SIMPLESMENTE

Adante nos meus passos...Adagio na imaginação...Soturno na vida...
Trago melodias para respirar no meu resíduo espaço.
Trago palavras para expelir no meu mundo paralelo.
As linhas são exíguas e teimo em calcá-las,
e afundo os meus pés...
Já não sinto o chão que me indicaste
mas continuo a correr...
Continuo a escrever sem orientação nem propósito.
Continuo simplesmente...
Simplesmente procuro os fragmentos que me compelem à vida.
E o que é a vida senão a colecção desses fragmentos únicos.
Ciclo vicioso este em que nos colocamos quando tentamos viver.
Serão ataques ou espasmos...serão vicissitudes ou privilégios...
Palavras contudentes, atitudes reconhecidas, encontros simplesmente...
Simplesmente reconhecimentos em coisas pequenas...
A subjectividade da proporção daria para um manifesto.
A adjectivação de um texto complexo seria demasiada...
Não quero desperdiçar palavras neste mundo efémero,
Quero simplesmente registar que um dia eu passei por aqui...
Eu simplesmente vivi.

Wednesday, February 15, 2006


HUMANOS Posted by Picasa

HUMANOS

Na recusa das realidades enfrentamos dilemas de conexões.
Dualidades que se debatem na intemporalidade da sua existência.
Trazemos contruções de fantasias e histórias enraizadas.
Fazemos uma novela com encruzilhadas e desorientações
Construimos dramas com o amor e as emoções.
Procuramos um sentido metafísico para explicações.
Tentamos perceber a natureza destruindo-a.
Assim somos humanos, humanistas, amorosos suicidas.

MÃE

Fui ao mar dos teus olhos e lambi o sal que escorria no teu rosto.
Fui ao deserto escondido nas tuas mãos e virei o óasis para o poderes agarrar.
O teu corpo sente a noite permanentemente mas eu mando-o amanhecer.
As minhas palavras são como o vento que chega até ti de forma leve...
Mas vão ficando como uma sombra ou um eco que te atormenta.
Já tudo te atormenta, o sol, a chuva, o vento o exitir apenas.
Por mais que a dor se apodere de todos os teus sentidos,
Por mais que sintas a ausência de ti neste mundo,
Por mais que os teus olhos se turvem perante a nossa existência...
Luta mais um pouco com a réstea de coragem que encontraste por ti.

Tuesday, February 14, 2006

JOGO

No dia que as envolvencias se comemoram
Comemoramos as nossas ligações perigosas...
No jogo das palavras apostamos imagens num único destino: o prazer.
Escolhemos as casas onde colocamos as fichas e esperamos que a roleta andasse.
Saiu-nos do corpo a turbulência de ver tudo a andar à roda.
Rodamos as sensações enquanto jogavamos com as palavras.
Apostamos as fichas do prazer e continuamos a jogar.
Quando a roleta parou os nossos olhos giravam sem destino...
Voltamos as costas um ao outro e saimos do casino das comemorações.


NÓS Posted by Picasa

Monday, February 13, 2006

TU E EU

Fui ao teu encontro em mais uma viagem de nós.
O eu e tu ficaram fundidos na liga metálica que nos dissolveu os olhos.
O eu encontrou o descanso das ansiedades perdidas e
o tu encontrou a realização das fantasias imaginadas.
O nós viveu suspenso dos dias e eclipsou-se.
Agora somos novamente o tu e o eu de todos os dias.

Wednesday, February 08, 2006


SEMPRE Posted by Picasa

DIAS DE SEMPRE

O teu abraço é paraíso perdido nas terras do meu abandono.
O teu beijo é leve e intenso e escorre no meu corpo suavemente.
A tua pele acaricia as minhas mãos que te percorrem...
Por vezes esqueço a entrada para o teu destino
Mas encontro-me nas nossas orientações geográficas.
Continua com a tua mão sobre os meus ombros
Enquanto eu te sugo o amor nos nossos dias de sempre.

UMA HISTÓRIA MAIS

Na loucura das palavras escolhemos letras desenfreadas.
Construimos frases e imagens e criamos a história.
Página a página a emoção foi aumentando...
No rubor da imaginação e fulgor dos sentidos
As personagens bebiam sequiosas o prazer.
Depois a clarividência entrou no caminho...
Trouxe angústias nas palavras e silêncios nos encontros,
Trouxe receios nos desejos e cautelas nas acções,
Trouxe realidades em vez de ficções.
As personagens calaram-se e não trocam emoções.
A história foi igual a tantas outras...


DESENCONTRO Posted by Picasa

Tuesday, February 07, 2006

DESENCONTRO

Com a expressão serena e o frio nas mãos
Esperava ansioso pelo encontro do desconhecido.
Surpreendeu-se com os olhos da noite
E quis abraçar os sentidos sem pensar na razão.
A voz tremeu ao tentar desempenhar o papel que se propusera
Mas a fantasia diluiu-se com o toque das suas mãos...
Foi embora... a expressão do seu rosto era vazia,
E continuou com as mãos frias...

RETRATO

Encontrei um retrato do passado...
Tropeçou no meu caminho diário.
Os seus olhos brilharam no momento
E as palavras saiam compulsivamente.
Trouxe memórias nas mãos que já não vejo
E fantasias nos olhos que já não desejo.
Trouxe história há qual não pertenço
E saudades de fragmentos intemporais.
Tropeçou no meu caminho que não lhe pertence.

Monday, February 06, 2006

SILÊNCIO

As divisões alteraram o formato,
Na mutação dos dias foram diminuindo...
A réstea extinguiu-se mediante o cinismo.
A honestidade ficou encerrada numa das divisões.
A vontade ficou na porta entreaberta que se vai fechando.
Se não achamos graça às palavras o melhor é mesmo não as dizer.

Wednesday, February 01, 2006

VIVER

A água troxe-te a vivacidade e a vontade de viver...
Com receio foste entrando na maré que avistavas.
Quando molhaste os pés quiseste te afundar em toda.
Agora vives com a sensação da água nos sentidos.
Não seques a tua vontade de viver.