Sunday, January 28, 2007

Na Ribalta - José Luis Mendes


CAMINHO DAS LUZES

Mensagens simples de contextos perdidos.
Chega a mensagem, dispara o desejo na ênfase do dicionário.
Trago anos na bagagem que deixo na entrada de casa
Penduro no cabide o casaco do passado e entro na sala.
Percorro a rede em segundos imaginários segura nos joelhos
Ajoelho-me ao som das imagens do corpo resvalado de tempo
E percorro o caminho das luzes como uma pop-star isolada
Sem ver o brilho das luzes que reflectem do teu corpo incadescente.
Atravesso o canal das letras que descrevem as tuas mãos
E sento-me no outro lado da rua, onde o desejo se abraça aos meus olhos.

Sunday, January 21, 2007

I freez and turn stone - Maria Flores


CONQUISTA

No som côncavo do búzio que pousaste na praia dos teus olhos
Zumbiu o eco do teu sorriso nas minhas mãos de areia,
Encostei-te ao meu ouvido e ouviste a melodia do meu mar de silêncio,
Mergulhaste nas ondas rupestres que pintei na areia molhada do corpo
E decifraste as algas embebidas em sal que repousavam no meu colo.
Construíste castelos de vento ameno que permaneceram na fantasia das mãos,
Com o balde e a pá ergueste a vitória sobre a fortaleza que ruía grão a grão.
Deitei-me na derrota desértica e a sede de sentir o oásis na pele imortal
Na volúpia redentora da bandeira erguida à luxúria conquistada.

Thursday, January 11, 2007

Círculos da Noite - José Manuel Nogueira


NOITE

Escura e múltipla de luzes artificiais que clarifica passagens:
A noite que se acende a meio da tarde traz recados passageiros.
Bandeiras que pousam com códigos de nudez implícita.
Troco alegrias com as horas inventadas de outras cores.
O dia pintado de negro que penduro no quarto da minha dor.

Wednesday, January 03, 2007

Céu Cinzento de Luz Quieta - José Manuel Nogueira


FÉRIAS

Pousei os cabelos nas dunas amarelecidas de Outono triste,
Escorreguei os olhos na areia branca para que os secasse
Enquanto o meu corpo teimava em querer banhar-se no oceano.
Não molhei as mãos no recanto das águas embrutecidas pelo vento,
Não rasguei as ondas com a febril temperatura dos meus braços,
Corri na areia molhada onde me enterrava ainda mais na minha ausência.
Não marquei os passos no caminho que os meus pés delineavam,
Passei simplesmente por a praia mundana do teu corpo
Sem amanhecer no teu leito, sem entardecer nos teus olhos.
Tirei férias de mim e guardei o prospecto da tua vida.