Thursday, September 29, 2005


ENCONTRO Posted by Picasa

CORRIDA

Soltei as rédeas ao galope desenfreado.
O entusiasmo fervilhou no sangue.
De que animal se encontrou o desejo?
Tranportou no dorso o fardo dos sentidos,
Relinchou na procura da sela quase perfeita...
Perfeição no quadro da corrida.
Corri velozmente para a meta do precipício.

Wednesday, September 28, 2005

LUSÍADA

Cristais que brilham no espaço indefinido do céu.
A nostalgia do desejo invocou os meus sonetos,
Contrui estrofes de feitos assinalaveis,
Mas não consegui passar o cabo das Tormentas.
Desemboquei e não consegui voltar ao rumo antigo.
A água ficou mais fria,
Mas as sereias vieram cantar-me ao ouvido.
Aprendi na linguagem do mar o silêncio das tuas palavras.
Os sinais do farol foram o que eu quis ver de ti...
E o meu sonho era tão intenso e grandioso.
O velho do Restelo estava na praia quando lá cheguei,
Disse repetidamente que o caminho era ousado,
Não percebi que o desafio era um abismo.
Hoje encontro no mar as lágrimas perdidas de mim.

Sunday, September 25, 2005

FERIDA

A fonte jorrou palavras indefinidas,
O balde transportou mensagens intoxicadas,
E eu bebi as letras por decifrar.
Trespassei a fenda da ferida aberta e
deixei exposta a dor da tua passagem.
Animalesca foi a forma de me tratar
sem sinais descodificados por amar.
Estou estonteada com o rubor do caminho.
Felicidade por finalmente te deixar sozinho.

Friday, September 23, 2005


DESTINO Posted by Picasa

DESTINO

Atravessei a rua e deixei cair o saco das notícias.
A minha vida espalhou-se e rolou pelo passeio.
Foram pedaços de ternura que se partiram no chão frio e
canções de tristeza que embalaram a estrada de asfalto.
Sem rumo pedi boleia ao cair da noite...
Entrei no camião de esperança que se conduzia com velocidade.
Acelerei no destino sem noção do abismo.
Sem saber que orientação levava aceitei a boleia.
Hoje vivo no pântano onde o arco íris aparece frequentemente
Porque faz sol e chuva ao mesmo tempo.

MEDO

Sentimento lento que corrompe os dias,
traz defesas desarmadas de emoção.
Protege como o escudo do guerreiro e
não deixa que trespasse a lança do sentido.
Deita fora o arsenal que guardaste afincadamente,
Luta com o teu corpo a guerra do desejo.

Monday, September 19, 2005

EXCESSO

O excesso dos teus olhos traz água que faz transbordar o pensamento.
Fiquei sentada com o copo na mão e esqueci a passagem do vinho.
Encheram-me o copo vezes sem conta e eu bebi a água que tranbordava dos teus olhos.
Fiquei sentada e o fluido percorreu em êxtase o meu corpo dormente.
Em excesso de te sentir pousei o corpo e o copo e fui embora.


N�S Posted by Picasa

Wednesday, September 14, 2005

AS MÃOS POUSADAS

Na paisagem idílica vejo as tuas mãos pousadas nas pernas.
O ruído da verdura perturba o conteúdo das palavras.
As flores dobram-se à passagem do teu corpo...
São passos marcados na leveza das tuas acções.
O quadro daria uma pintura de Van Gogh escarnecida.
Tinhas as duas orelhas e trazias a camisola de lã amarela,
tinhas as mãos pousadas nas pernas quando te vi....
Continuo a lembrar a paisagem que percorri.
Os segundos flagelam-me e redimo-me constantemente,
São esboços dos teus movimentos idílicos
e resolvi transformar a paisagem em palavras.
Tinhas as mãos pousadas nas pernas longas que não te pertencem.
Utensílios para chegares a outros seres que te veneram....
Guardo a tua pintura na memória retratada sem artifícios,
Guardo o dia em que tinhas as mãos pousadas nas pernas e eu senti.

Tuesday, September 13, 2005

DEFINIÇÃO

A chama queima o encantamento que liberta a respiração.
Ofegante a voz tranporta o passado de melodias suaves.
Na passagem dos movimentos há um vácuo obsoleto.
Não encontro distância que defina os teus olhos,
Nem palavras que descrevam a nostalgia.
São fardos que se acumulam na passagem dos dias.
São sonhos que se esquecem nos lençóis bordados,
São silêncios cravados a ferro na carne do prazer.

ENERGIA

A energia esgota-se como a água seca no leito do rio.
Trago os olhos afundados nas horas sem sentido dos dias.
A imaginação esgota-se no limiar do cansaço...
Deixo cair o corpo na réstea de doçura da caminhada.
Será um impulso infundado e animalesco?
Será que o pensava belo pode ser grotesco?
As dúvidas, as curiosidades, os desencontros, as verdades...
As energia esgota-se por entre os dedos.

Monday, September 12, 2005


DESEJO Posted by Picasa

DESEJO

Onde está o caminho dos teus olhos?
Onde o desejo se eleva a imensidão e se tranfigura em personagem.
Teatro de Petrarca sem auditório complacente,
Vida despojada de artifícios inconsequentes.
Mas no som das palavras encontro o vazio equidistante dos sentidos.
Na gravidade encontro discursos fúteis e efémeros.
Nos olhos encontro a imensidão do fluido atlântico.
E nos meus braços transponho o desejo da luz...

Thursday, September 08, 2005

QUEM ÉS?

Apareceste nos meus sonhos...
Tinhas um rosto doce e umas mãos elegantes.
Emanavas paz e abraçaste-me.
Irmão da harmonia...
Quem és?

Wednesday, September 07, 2005

PRESENTE

Trouxe um presente do universo...
Tinha um papel requintado de estrelas,
Pousei-o no chão contendo a emoção,
Cruzei as pernas estendi os braços
Ao alcance das estrelas coloquei as mãos.
Serenamente rasguei o céu de papel
e avistei o vidro amarelo como o sol.
Um céu sobrepôs-se a outro...
Os astros rodaram como os ponteiros.
Olhei o relógio que apontava amarelo
e a cor entrou nas minhas pálpebras
deixando-me cega...agora só sinto com as mãos...
E como vêm as mãos!
O vidro já não é amarelo, é frio e rugoso...
Vejo assim que troxeste o que te pedi.
O universo foi franco e generoso.
Recebi um presente mas não o vi, apenas senti.

Tuesday, September 06, 2005


SENTIR Posted by Picasa

SENTIDOS

A sombra do paraíso persegue o meu ocaso.
Trouxe o pão enquanto levedavas o teu abraço.
Abracei a fome dos teus olhos e penetrei o teu corpo.
Encorporei-me de ti sem sentir o ruído dos ossos.
Trouxe a água enquanto corrias em direcção desconhecida.
O rio passou por nós e lavamos os nossos sentidos.

Monday, September 05, 2005

CANÇÃO

Acordes que intemporalmente se ligam...
As mesmas canções tocam em sítios distantes.
Reconheço as letras mas esqueci as melodias.
Há tanto tempo que este fado não me consumia os dias...
Componho uma canção no cansaço das horas,
Aguardo o poema das tuas mãos...
Acordes que intemporalmente se ligam...

AMANHÃ

Estendi a toalha do tempo no chão....
Trouxeste um pedaço de maçã para partilharmos.
Tem o cheiro do pecado e a cor da esperança.
Trazes nos bolsos o sumo dos teus sentidos.
Bebemos o que desejamos e desejamos o infinito.
Terminamos a maçã e o livro que trouxemos.
Amanhã o dia trará alguma história?

Sunday, September 04, 2005


FECHA-SE A PORTA E ABRE-SE UMA JANELA Posted by Picasa

DESINTOXICAÇÃO

O ressentimento traz a fruta amarga que sobrou da cesta.
Os teus olhos foram fonte luminosa dos meus dias.
Bebi a esperança que me escorreu pelo corpo.
E agora desintoxico das veias os raios que deixaste.
Não te procuro mais na selva dos nossos dias.
Não quiseste a vontade que te deixei na mesa...
Agora? É tarde... fez-se noite no horizonte...
A lua mostra que não há vida entre os teus passos,
Não há palavras no teu dicionário...
E eu não vivo sem palavras!

Thursday, September 01, 2005

PULSAR

Laços de sangue! Ignoro o que seja...
O sangue não se entrelaça é fluido como água...
E a água escorre pelos dedos como o tempo foge de mim.
Fuga do sangue ou do laço?
O laço desfez-se e nem para enfeitar serve...
E o sangue pulsa a correr nas minhas veias.