Saturday, August 26, 2006

MALA AZUL

Hoje guardei mais uma pedra castanha na minha mala azul.
O peso no meu ombro traduz a imperfeição da minha vida.
Os cristais que brilham escondidos são alegrias reconhecidas
As pedras coloridas são angústias que me fizeram crescer,
As que estão pintadas são oferendas do amor incondicional,
As que se partem diariamente são fendas de mim.
Senti energia nas pedras emprestadas ao meu corpo
E reconheci o peso desmedido da minha alma.
Libertei o peso que traduz a imperfeição da minha vida.
Na mala azul carrego o agradecimento de estar viva.

Friday, August 25, 2006


EIXO Posted by Picasa

Sunday, August 20, 2006

CURTA METRAGEM

Os candeeiros seguram a luz mas os raios ultrapassam o vidro da tua direcção.
Caminho na linha do brilho que se define no cimento da rua da nostalgia.
As casas que me envolvem são fragmentos distantes de presenças ausentes.
Nas janelas os canteiros floriram olhos sedentos de vidas alheias.
Nas cordas estão pendurados extractos de intimidade lavados e perfumados.
Quantos retratos da nossa rua tiramos nas tardes perdidas da cidade?
As revelações são estampagens imperfeitas de sedução intranquila,
São momentos a preto e branco no filme colorido do cinema do paraíso,
É uma curta-metragem que termina no primeiro take dos teus olhos.

Tuesday, August 15, 2006


MÃOS DESERTAS Posted by Picasa

AS MÃOS DESERTAS

Como se chegasses das terras da Transilvania
absorveste a essência do meu sangue puro de energia.
Como Drácula sugaste-me até secar o rio das minhas veias flamejantes.
Agoro corro no deserto, e a minha velocidade ultrapassa
o som da música que ouço na miragem do óasis.
Corro para não cair na areia quente dos teus olhos
E não me deixar enrolar nas tuas pernas movediças.
Fujo de tudo que me queima a pele e
cubro o corpo com o véu da terceira visão.
Danço a coreografia dos 7 véus no parágrafo da tua história...
enquanto bebes a água pura de outra bailarina.
Ensaio o olhar para as tuas mãos que
Não se atravessam no deserto das minhas.
E no objectivo salgado de apenas mais um dia,
Provo a água que me escorre dentro do copo...
E são lágrimas do suor do teu corpo
Que bebo refrescando os sentidos cansados.

Thursday, August 10, 2006

TEMPO ESQUECIDO

Ultrapasso os traços das escadas pintadas e
Esqueço-me do tempo dentro do quadro encorpado...
Entro no templo da veneração e bebo o arrependimento
Como a textura do vinho que trespassa o cálice do pecado,
Na absolvição obsoleta da mão na mão dos humanos.
Confesso os joelhos na madeira sagrada da passagem
E acendo as mãos no pavio que arde na minha boca.
Deixo a esmola do silêncio e recuso o corpo no meu corpo.
Saio do templo e regresso aos passos que se pintaram,
O caminho da cruz entreaberta de tempo esquecido.


REPRESENTAÇÃO Posted by Picasa

REPRESENTAÇÃO

No sopro da lua voam as pinceladas da noite.
Transporto as luzes de uma passagem efémera
Como a representação da peça no cenário da existência.
A tua? A minha? A que se funde nos aplausos de todos.
A que ultrapassa o som das palmas que se tocam...
No agradecimento à fantasia recriada dos nossos olhos.
Na colocação da voz e da esperança de mais um dia na noite.
Mais e mais argumentos para decorarmos à pressa,
Esquecermos tudo no fim e descansarmos a máscara.
Guardar a memória na gaveta dos guiões e suspender as letras
Que nos fazem brilhar no palco dos sentimentos fingidos.

Monday, August 07, 2006

HISTÓRIA DO MAR

Fui à praia do teu corpo e rezei a Iemanjá
Deixei oferendas nos teus braços para se afundarem no mar.
Mergulharam tristezas nas ondas e foi-me devolvido o sol da tua boca.
Raios que brilharam nas águas e penetraram os sentidos.
A areia agarrou a espada da deusa do mar e cortou o ar,
Separados agora pela individualidade das nossas mãos
Flutuamos em oceanos distintos que apenas se assemelham na cor.


SOL E LUA Posted by Picasa

SOL E LUA

Na secretária envolta de papéis rascunhados e livros abandonados
Não cabe uma imagem perdida de um olhar fugidio:
Olhos isentos de conclusões que compõem narrativas de passagens,
Cabelos caídos ao peso da gravidade que empurra em descendente,
Formas que trespassam os ideiais encontrados na multidão...
Há lugar para as imagens das palavras que pousam na secretária.

respiro na respiração dos teus olhos
onde os cabelos escolhem o caminho
caminho de lábios e fontes com dedos
de sol - quero arder - fogo de asa na anca.

o que acendi, acendo, acende tudo em ti, na
boca já não oiço - mereço-te nas colinas
dificeis da lingua, a imagem sobe no ecran
os barcos para as pernas na folhagem
dos lençois brancos de linho, o perfume
de um novo abraço, tudo desliza no suor dos
corpos e olho, e olho-te claro o mar
a vertente do pulsar do sangue,respirarei
na tua respiração boca para abrir e devorar

Na respiração fecunda do encontro fundem-se estilhaços,
Transportam-se de vivências contundentes e turbulentas.
Surgem espasmos de loucura e devaneios de carícias.
Não consigo distinguir a alucinação da realidade.

a noite corre no meu corpo, já toca o teu
na folhagem das caricia, alucinado cruzo
as pernas nas tuas ancas,os mamilos
na lingua doce, procuro o umbigo,as
mão seguram forte - rodamos de costas
é para bater, para bater onde surgem os
espasmos,turbulenta a noite do desejo
procuro-te na respiração fecunda,os dedos
e o membro engrossa longo na humidade
dos óleos - o rosto nu, de frente na mesa
uma cortina de arrepios, vamos onde já não
sossega, o passaro arde a sua própria maré



A brutalidade do momento espanta os desejos do contexto.
Trago indefinições de tragos de amor...
Curiosidades sedentas de brilhar no contacto da pele.
Trago incertezas enraizadas na seiva do meu corpo.

a seiva já devora toda na noite toda
sentes a pele, abre o gemido,brilha
onde a polpa cria a própria água
eu quase fabrico o teu umbigo

mas eis a dança dos corpos nús
os sentimentos simples, as palavras
pobres, segura o tronco, o seu encanto
dadiva que entra e foge como fogo nos
cabelos longos, abre-te ao dedo do sol

Olhando o sol queimo as pestanas mas continuo a olhar.
O fogo marca-me o corpo mas o calor envolve-me de palavras.
Abre-se o caminho num rasgo de intemporal...
Vejo a pintura de Auvers de Van Gogh na minha frente.
Qualquer caminho que escolha será o rumo para o abismo.

que interessa o caminho , é para o som do corpo
na folhagem de um quarto, vences porque vence
o teu corpo, vamos, gostava de ouvir a tua voz
agora, no sabor da carne, deita-te sobre mim
a mão do orvalho torna-se ligeira, toda a alma é
fresca, e respira branca

A minha voz é suave e sem grandes ondulações.
Em antítese com o meu corpo
Raramente o som se torna estridente.


Mónica Correia e José Gil

Sunday, August 06, 2006


BRISA Posted by Picasa

BRISA

Na transformação dos dias há uma brisa muito leve.
Dá passos vagarosos e ondula a sua corrente no meu corpo.
Como uma espuma de nuvens passa e segue o seu caminho.
Há um rasgo de luz nas flores que se deliciam na temperatura
Amena e tranquila traz livros de serenidade nas suas mãos.
Traz histórias nos olhos e poemas na boca do meu percursso.
Encontro a fantasia na brisa matinal que me aguça os sentidos.

Friday, August 04, 2006

ANA MARIA

Caem estrelas dos teus olhos e são cintilantes como as tuas palavras.
O afecto que desencadeias nos retratos que nos tiras diariamente
Marca o papel como um timbre que não se desgasta no tempo.
É o teu tempo de viveres na luz através dos olhos do mundo.
Obrigada pelo talento que pousas levemente no quotidiano
E pelo alento que ofereces como flores pintadas no quadro da escrita.

Thursday, August 03, 2006

READAPTAÇÃO

Barreiras que se espalham como minas nos campos armadilhados.
A cada passo uma sombra de estilhaços perfura o teu olhar.
A cada deslocação do teu corpo há um alvo da arma da legalidade.
As sombras que sobem do chão para o céu voam sobre a tua cabeça.
E nas mãos que fechas às armas erguem-se punhos para a sobrevivência.
Na guerra fria da ausência das palavras readapta-se o mundo a ti!


READAPTAÇÃO Posted by Picasa

CANSAÇO

As palavras calam o que eu ainda não esqueci…
Não luto mais com o desejo que me corroi a pele desenfreada.
Esta velocidade galopante que me faz circular o sangue nas
Mãos abertas de sentidos e sentidas de cansaço.
Cansaços sentados de pernas cruzadas de dor e desabafos.

Wednesday, August 02, 2006

caminho na Lage frente do sol e se voam ,voas
de costas na ribeira ,de Lavadores, voam a
sentir a frente do andante, o aprendiz na noite
vê como é de luz a luz real que acompanha


na leveza do toque atras da cortina
trespassa a luz do actor que declama.
Nas conversas fragmentadas retalhamos paisagens.

olhar os olhos,o tempo olhar a cidade
desejar a memória, fotografar o dia
nos lábios doces escrever a escrita
beijo

de noite

de noite onde a luz se esconde dos olhos,
onde se envolve sedenta na aproximação do corpo.
De noite onde partilhamos o olhar da cidade
E relembramos o aroma do campo nas nossas mãos.

quero descobrir a dialéctica do
discurso dos teus seios no
espaço passo a passo com
serenidade onde o peito sublime
na dádiva da poesia,invento-te
no confessional

Reiinventamo-nos no esboço do quadro desconhecido.
Reconhecemos as palavras mas ignoramos as cores.
As sensações compelem a mais palavras,
Onde termina a busca dos teus olhos?

toda a magia da noite procura os
labios dos dedos,as palavras apertam
os corpos e dança-se nos sentidos
que brilham, lança-se outro laço
ao cabelo e tão estreito e doce
começa-se o vento nos pés

com os olhos te invento


Mónica Correia e José Gil