Friday, June 30, 2006

AUSÊNCIA...

O amor desfez-se em espuma que banhou o teu corpo.
Trouxeste e levaste o rubor das telas pintadas por ti.
Agora vejo os quadros que deixaste nas minhas mãos,
E vou mergulhar na água sem a espuma de ti.


Quando a espuma tem o teu sabor
A minha boca desfaz-se no teu jardim
Pede-me o corpo o mergulho da tua flor
e as mãos que voltes espuma para mim.



No cansaço das horas vejo a ausência no espelho dos meus olhos.
A flor de girassol virou ao lado onde raia a fantasia do amarelo.
E eu? Mergulho nas folhas que sobram da ramagem perdida
Onde a espuma é miragem dos meus dias de terra.


Levo os teus beijos no regaço dos dias
Saltito as tuas cores nas horas e pinto na pele o teu minuto
mergulho o teu cheiro na minha maresia
e na ausência de relógio no tempo és o meu segundo.



Mónica Correia e Ana Mª Costa

Wednesday, June 28, 2006

IMAGINAÇÃO

Reconstruo dia a dia a linha
Sempre desiquilibrando as asas
Com tremuras e fantasias.
Construo fio a fio como a aranha...
Como Penélope no seu tear...
Com a esperança que os teus olhos
se diluam na minha boca faminta.
Reconstruo a história dia a dia
Sempre voando distante da luz
Com desejo e reconhecimento.
Construo fio a fio como se contasse
os teus cabelos nas minhas mãos.
Como se o teu corpo pousasse
no meu colo abundante...
Como se a tua boca se deitasse
no meu corpo triste.
Reconstruo a imaginação...

Tuesday, June 27, 2006


RETRATO Posted by Picasa

RETRATO

Deitei-me na janela e coloquei o teu retrato no chão.
O teu sorriso continua iluminado, brilhante como o céu.
Na rua passam retratos movimentados
E tu estático sem sair da posição do momento.
As cores da paisagem reflectem os dias de sempre
Mas os teus olhos emanam a luz que não encontro à janela.

SOBRO

Na voz do sobro que guardas nas mãos cerradas
Vejo a pétala que espreita pelos teus dedos.
Esmagaste a flor de encontro à terra pura.
E o calor que emana do sol e do brilho,teus olhos,
São o silêncio da lua que ondula nas tuas palavras.

Sunday, June 25, 2006

MUTAÇÃO

A fronteira dos teus passos procura o reconhecimento.
Atravessa o sentido em vez de reconhecer o caminho.
No caminho desdobrado em sofrimento continuas a luta.
Na luta do desencontro dos passos reconheces o fim.
O fim para o principio de outro caminho reconhecido.

Saturday, June 24, 2006


PASSAGENS Posted by Picasa

PASSAGENS

A aprendizagem das pedras seculares que se desgastam à nossa passagem.
Os silêncios que discursamos são passagens para a oratória da nossa voz.
As promessas que velamos nas passagens dos nossos retratos pintados
São passagens que coleccionamos no nosso espólio da catedral da vida.

Friday, June 23, 2006

ESPERANÇA

Vermelha a fogosa que extravasa o leito...
Branca a textura da folha que mergulha
Verde a esperança da metamorfose.

Wednesday, June 21, 2006

PAISAGEM

Delirei nos teus olhos as vibrações da paisagem.
Imagens recriadas enfeitiçaram a névoa verde.
Entrei na onda de devassidão dos campos em flor,
E germinei abruptamente a ênfase do teu sorriso.
Cobriste o campo com a revolta das raízes galopantes.
Colhemos o renascer dos dias nas pernas cansadas,
E recolhemos das mãos o que floresceu da paisagem.

Tuesday, June 20, 2006


SUSSURROS Posted by Picasa

REUNIÃO

Lá onde os Deuses se reunem, onde o chão é o eclipse dos teus olhos
Fazem receitas de volúpia para os teus braços nas minhas mãos.
Lá onde os Deuses se reunem, onde o céu fertiliza os teus devaneios
Fazem publicidade do teu corpo ao meu impulso consumista.
Lá onde os Deuses se reunem, onde o teu mar cospe na galáxia
Fazem desenhos que guardo na constelação do meu corpo.
Lá onde os Deuses se reunem, onde o tempo é o espaço que queres
Fazem melodias de afagos e sussurros das nossas mãos.

Saturday, June 17, 2006

AMOR

Na bússola a areia escorre lentamente como as horas perduram no tempo.
Nas mãos trago a secura do oásis afundado no deserto.
O chão é areia que me escalda os ossos e me dissolve a visão.
E nas horas suspensas encontro as ondas de calor do meu desértico amor.

SILÊNCIO

Eu não estava mas ouvi o corpo evadir-se.
Eu não estava mas vi a ave que te fixou o olhar.
Eu não estava mas senti o cheiro campestre do envolvimento.
Eu não estava mas cantei as searas do teu silêncio no deserto.

Wednesday, June 14, 2006


ENCONTRO Posted by Picasa

ENCONTRO

Ardemos na plantação das metáforas no teu colo.
Sentimos a chama do encontro entre os olhos e as palavras.
Corremos o dicionário num ápice de envolvimento
E sublinhamos as palavras que descrevem o nosso texto.
Adicionamos adjectivos às páginas que saboreamos
E procuramos definições para os verbos que beijamos.
Resumimos a linguagem a uma palavra de encontro.

ÁGUA

É fundo o poço que buscas no encontro do desejo.
Mergulhas na água tirando aos baldes o teu corpo.
Bebes o ar que secou da água e escorres a vontade pelas mãos.
Transbordas no epicentro do quase tudo e quase nada.
Banhas os teus olhos com a água que se esconde no poço.

Monday, June 12, 2006


VISAO Posted by Picasa

Sunday, June 11, 2006

ORAÇÃO

Na catedral onde todos rezavam sentados em tom de lamento
Eu mantive-me de pé sem proferir nada em qualquer momento.
Na oração todos pediam absolvições e perdões
Eu mantive-me sem arrependimento de sensações.
Na hora da comunhão organizaram-se religiosamente
Eu mantive-me inerte achando tudo decadente...
Não, eu não me ajoelho e não peço perdão.
Não trago pecados que necessitem de absolvição.
Trago na luta as folhas das árvores que me seivam a imaginação.
Trago caminhos cravados na pele que me oferecem a emoção.
Trago retratos nos bolsos rasgados pelo tempo da oração.

Thursday, June 08, 2006


SOMBRA Posted by Picasa

SOMBRA

As energias transformam-se em reservas.
A fonte das palavras cristalinas jorra ausências.
Percorro os trilhos de paisagens fúteis,
Encontro rostos e mãos que deixam mensagens.
Mas vagueias na sombra do meu corpo...
Encontro a ausência dos teus dias
Por entre a energia do sol e a secura da minha boca
Procuro a sombra que deixaste no meu corpo.

ABISMO

Percorro a estrada dos teus olhos
E descanso quando avisto o destino do teu corpo.
Toco na imaginação com a sede da pele...
Trago ao colo o pão de cada dia que me deste hoje...
E penetro no abismo encoberto de fantasia.

Tuesday, June 06, 2006

DESCONHECIDO

A neblina que pousa na ponte atravessa o meu cabelo.
Rasga-se momentaneamente com a claridade do sol.
Atravesso a ponte acorrentada ao teu corpo...
E caminho rapidamente mesmo com os peso das tuas mãos.
Não sei caminhar... gostaria de ser mais leve!
Mas a gravidade oprime-me de encontro ao chão vazio.
Atravesso a ponte que me leva ao desconhecido.

Sunday, June 04, 2006

SENTIDO

Na circunferência da vida ando às voltas
E não tenho sentido nas voltas que dou.
Tanto rodo pela esquerda como pela direita
Como invento caminhos por onde só eu passo.

ESPERANÇA

No fundo da taça está a água que sobrou da dádiva.
As flores já cairam no lixo com retratos de temporalidades.
Na passagem das mensagens a linha extinguiu-se.
Já se esgotaram as ansiedades perdidas nas pernas.
Já se gastaram as palavras dos meus braços.
Já se ultrapassaram os meus olhos no resgate da esperança.

Thursday, June 01, 2006

NOITE

No cansaço das horas rasgo os papéis da noite.
Nas estrelas caidas vasculho a luz que esmoreceu.
A lua esconde-se nas minhas costas...
Escurece ainda mais o cansaço dos teus olhos.
Como o lobo que vagueia uivo perdida do meu som.
Faço desvios em busca da presa do prazer
E devoro-a na madrugada que se sucede à noite.
Sigo um ritual que se desintegrou e escurece.
E vou escurecendo nas noites sem papéis...